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Bruno Henrique é suspenso por 12 jogos e multado em R$ 60 mil por envolvimento com apostas

O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi suspenso por 12 partidas e multado em R$ 60 mil após julgamento realizado nesta quinta-feira (4), na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro. O jogador foi considerado culpado por manipular um cartão amarelo durante partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023, com o objetivo de favorecer apostadores.

Julgamento longo e polêmico

O julgamento durou mais de oito horas e envolveu debates acalorados entre os auditores e a defesa do jogador. Bruno Henrique foi denunciado por fraude esportiva, especificamente pelo artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de ações que ferem a ética desportiva. Apesar disso, foi absolvido de outras acusações, como as previstas nos artigos 243 e 184.

A defesa, representada pelo advogado Michel Assef Filho, tentou anular o processo por prescrição, mas o pedido foi negado pelo relator Alcino Guedes e pela maioria da comissão. O Flamengo, por meio do vice-presidente geral Flávio Willeman, acompanhou o processo e reafirmou confiança na inocência do atleta.

Tentativa de comparação e depoimentos

Durante a fase de apresentação de provas, a defesa trouxe um vídeo de um lance envolvendo o volante Zé Rafael, do Palmeiras, que teria forçado um cartão em situação semelhante. Participaram dessa etapa o delegado da Polícia Federal, Daniel Cola, e o representante da casa de apostas KTO, Pedro Lacaz.

Segundo a Polícia Federal, a única conversa direta de Bruno Henrique sobre o caso foi com seu irmão, Wander Nunes Júnior. As demais interações foram entre o irmão do atleta e outros envolvidos nas apostas. O advogado do Flamengo leu um comunicado oficial do clube, afirmando que a integridade esportiva da equipe não foi prejudicada.

Em depoimento rápido, Bruno Henrique declarou inocência e disse confiar na justiça desportiva. Ele optou por não responder perguntas durante o julgamento.

“Gostaria de afirmar a minha inocência e dizer que confio na justiça esportiva. Faço questão de mostrar o meu respeito e a minha total confiança nesse tribunal”, declarou o jogador.

Votos divergentes entre os auditores

Os votos dos auditores da 1ª Comissão Disciplinar do STJD refletiram divergência quanto à pena:

  • Alcino Guedes (relator): condenação no artigo 243-A (fraude desportiva), pena de 12 jogos e multa de R$ 60 mil.

  • Guilherme Martorelli: absolvição nas principais acusações, mas condenação por infrações administrativas (artigo 191 c/c 65), com multa de R$ 100 mil.

  • William Figueiredo e Carolina Ramos: seguiram o relator, com condenação pelo artigo 243-A.

  • Presidente Marcelo Rocha: também acompanhou o voto pela condenação no 243-A.

Acusações e investigação

Bruno Henrique foi acusado de receber um cartão amarelo propositalmente aos acréscimos da derrota para o Santos (2 a 1), no dia 1º de novembro de 2023, no estádio Mané Garrincha. Pouco depois, foi expulso da partida. A suspeita surgiu após investigações da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Em abril de 2025, Bruno Henrique foi indiciado por fraude e estelionato. De acordo com as autoridades, seu irmão apostou em sua punição e repassou a informação a outros familiares, que também lucraram com a aposta.

As apostas renderam lucros significativos: o irmão do jogador apostou R$ 380,86 e teve retorno de R$ 1.180,67. A esposa dele, Ludymilla, fez apostas em duas plataformas diferentes, ganhando R$ 1.180,67 e R$ 1.425,00. Já Poliana, prima do atacante, também lucrou com a mesma aposta.

Conversas entre Bruno Henrique e o irmão foram encontradas no celular apreendido pela PF, indicando conhecimento prévio do ocorrido.

Defesa pode recorrer

A defesa do jogador já indicou que vai recorrer da decisão do STJD. O Flamengo, por sua vez, reforçou que permanecerá ao lado do atleta enquanto não houver comprovação definitiva de dolo.

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